A tecnologia de blockchain voltou a chamar a atenção do setor de energia pelo lançamento da Energy Web Chain (EW Chain). Criada pela Energy Web Foundation (EWF), um consórcio de mais de 100 empresas, a EW Chain é a primeira solução de blockchain pública, de código aberto, voltada para o setor de energia.
Essa tecnologia tem sido vista como um dos fatores que podem acelerar ainda mais outras tendências do setor, como descarbonização, descentralização e digitalização.
Além disso, a EW Chain surge para responder duas críticas crescentes no setor: a do tempo necessário para validação das transações e a do consumo alto de energia. Entenda aqui como ela funciona!
O que é Blockchain?
Blockchain é uma tecnologia que permite o registro de transações de forma distribuída nos computadores que fazem parte do sistema.
As informações são armazenadas nessa infraestrutura de blocos encadeados (daí o nome blockchain), de modo que o registro de um novo bloco somente pode ser validado se os demais registros da cadeia estiverem intactos. Essa validação da cadeia de blocos também é feita pelos computadores que fazem parte da rede.
Então, funciona como uma grande rede de validação, o que traz mais segurança e confiabilidade ao sistema.
Como é uma estrutura distribuída, a blockchain possibilita a migração de modelos de negócios tradicionalmente centralizados (controlados por algumas poucas instituições intermediárias) para novos arranjos de negócios descentralizados (com a participação direta dos diversos atores que atuam no setor). Nisso entram as criptomoedas, por exemplo, como o Bitcoin.
Blockchain no setor de energia
Estudos e projetos têm sido desenvolvidos nos últimos anos explorando os benefícios do uso de blockchain em aplicações para o setor de energia. Um dos projetos mais conhecidos é o “Brooklyn Microgrid”, que funciona basicamente como um mercado de energia solar. Nela, “as sobras” da energia solar geradas por moradores de uma região são comercializadas diretamente com seus vizinhos.
Além de promover a geração de energia solar, o projeto mostra o potencial da tecnologia blockchain para criar novos modelos de negócios que podem impulsionar a inovação nessa área.
A utilização de contratos inteligentes (do inglês, “smart-contracts”) possibilita ainda a automação de processos e operações, como tarifação, negociação de energia ou até mesmo a recarga de veículos elétricos. Isso tem o potencial de aumentar a eficiência das empresas do setor e, em última análise, reduzir o custo da energia para o consumidor final.
Preocupações com a tecnologia
Existem vários casos de uso de blockchain no setor de energia, ainda que as inovações estejam sofrendo com críticas para terem viabilização comercial. Dois pontos negativos frequentemente mencionados são o longo tempo necessário para a validação das transações e a grande quantidade de energia gasta pela rede nesse processo de validação.
Como exemplo, alguns estudos apontam que a energia gasta mundialmente para a mineração de Bitcoins tem atingido níveis preocupantes, o que, na visão de muitos, poderia inclusive representar uma ameaça para o meio ambiente. Dessa forma, surge naturalmente uma desconfiança sobre o uso de blockchain para no setor de energia, já que uma das expectativas nesse caso é que a tecnologia traga melhor eficiência energética.
O EW Chain como resposta a esses problemas
O EW Chain surge nesse contexto como uma solução capaz de explorar os benefícios da tecnologia de blockchain sem esbarrar nas limitações de tempo e consumo de energia apresentadas por outras soluções.
Ele é um recurso open-source, derivado do Ethereum - outra solução blockchain, sendo o segundo maior mercado de criptomoeda -, concebido especificamente para ser utilizado no setor de energia. Utilizando um mecanismo de consenso do tipo Proof-of-Authority (PoA), que reduz tanto o tempo de validação de transações quanto o consumo de energia em comparação com outras soluções de blockchain.
PoA ou PoW
O mecanismo de consenso utilizado pelo Bitcoin e outras soluções blockchain, conhecido como Proof-of-Work (PoW), exige que haja consenso entre a maioria dos nós da rede para uma transação ser aprovada.
Dessa forma, apesar de ser mais seguro e confiável, há uma menor performance, o que acaba impactando também a escalabilidade da rede.
Já o mecanismo de PoA, usado pela EW Chian, estabelece consenso por um conjunto de nós da rede, previamente selecionados para executar o processo de validação por serem consideradas confiáveis.
Por exemplo, o EW Coin possui em torno de 10 entidades autorizadas a realizar o processo de validação de transações. Essas entidades incluem concessionárias, operadoras e empresas desenvolvedoras que fazem parte do consórcio EWF. Assim, o tempo de validação das transações pode ser menor, aumentando o desempenho da rede e sua escalabilidade.
O EWF teve ainda o mérito de agregar participantes de peso ao consórcio de mais de 100 empresas do setor de energia, com nomes como Shell, GE, Siemens, AES e Centrica.
Futuro do Blockchain no setor energético
Ainda levará algum tempo para que a EW Chain amadureça e realmente se consolide como um padrão do setor energia, mas o posicionamento das empresas do grupo EWF, composto por vários players desse segmento, representa uma importante movimentação do setor de energia em direção à adoção da tecnologia de blockchain.
Quer ficar por dentro de tudo que acontece no mundo da tecnologia? Inscreva-se na newsletter do Venturus para receber mensalmente conteúdos valiosos para você e seu negócio!