A Blockchain ganhou fama em 2018, quando começou a ser usada junto com a criptomoeda Bitcoin, mas ela foi criada em 1991 e a sua utilização vai muito além de compra e venda de moedas virtuais, contendo aplicações que vão desde a validação de documentos até transações entre governos.
Veja o que é a Blockchain, como ela funciona e quais suas principais utilizações no mundo.
O conceito de Blockchain?
O termo Blockchain descreve uma corrente de blocos. Cada um desses blocos (blocks) contém as informações sobre um evento. Os blocos são conectados em ordem cronológica, formando uma corrente (chain).
Para explicar como a Blockchain funciona, vamos fazer uma analogia ao Google Doc. Quando o usuário X cria um documento na ferramenta da Google, um elo inicial é gerado. Para cada nova alteração feita no documento, é criado um novo elo que se conecta ao anterior, gerando, assim, uma corrente de ações.
Uma vez criado um elo, não é possível apagá-lo ou editá-lo. Alterações só podem ser feitas criando um outro elo, que registra essas modificações. Essa analogia ajuda a ilustrar como seria a criação de uma chain (corrente). Mas no blockchain há um conceito além, que é o da descentralização.
Seguindo com o exemplo anterior, caso o documento seja acessado por outros usuários Y e Z, estes devem receber a corrente do usuário X para poderem continuar a edição do documento. Ou seja, todo o histórico é mantido em sincronia entre os usuários, independentemente de uma central.
Sendo assim, se o usuário X envia esse documento para a agência de publicidade, por exemplo, sem a aprovação dos outros, essa ação estará registrada como elo na corrente do documento, sincronizada entre todos, tornando evidente quem enviou o documento sem a aprovação final dos usuários envolvidos. Em resumo: não há ninguém que controle esse documento, mas ele é gerido por todos.
Princípios do Blockchain
A tecnologia Blockchain é baseada em cinco pontos: descentralização dos dados, transação peert to peer, transparência com pseudônimo, histórico irreversível e poder de processamento. Explicaremos cada um deles a seguir.
Descentralização dos dados
Cada computador que faz parte da rede possui uma cópia da chain e, portanto, contém um registro de todas as ações de todos os usuários. Um exemplo muito conhecido é a criptomoeda Bitcoin. Todos os usuários com carteira Bitcoin têm acesso ao histórico de todas as transações realizadas por qualquer pessoa dentro dessa rede.
É diferente das moedas tradicionais, como real ou dólar, que não temos acesso a todas as transações realizadas por qualquer pessoa. Isso porque essas moedas são controladas por bancos centrais, diferente do Bitcoin que não é gerenciado por nenhuma instituição.
Transação peer-to-peer (ponto-a-ponto)
Em uma Blockchain, não existe um intermediário fazendo transações entre pessoas ou instituições, por isso o nome peer-to-peer ou ponto-a-ponto. As ações são feitas de um par para outro, sem nenhum contato de terceiros para validação ou aprovação, mas, claro, com toda confidencialidade com os dados das pessoas, o que nos leva para o terceiro ponto.
Transparência com pseudônimo
Apesar de um dos lemas da tecnologia Blockchain ser sobre sua transparência, nas transações e registros, nenhum usuário tem conhecimento de informações pessoais de outros usuários. Cada pessoa cadastrada em uma Blockchain recebe um código único e criptografado, impossibilitando que usuários possam saber informações confidenciais de alguém. Ou seja, é possível verificar o registro de um usuário/código, mas você não vai saber o nome, CPF ou endereço desse usuário.
Histórico irreversível
Como comentado anteriormente, depois que uma ação é registrada no histórico de uma Blockchain, a mesma não pode ser deletada ou editada, só uma nova ação pode ser feita para “correção” de alguma ação passada. Isso faz com que o histórico não possa ser modificado de nenhuma forma, sendo impossível falsificações de ações anteriores que afetem algo no presente.
Poder de processamento do Blockchain
Esse ponto é o que faz a tecnologia Blockchain quase impossível de ser hackeada (mais a frente vamos falar sobre isso). Aqui, todas as ações de um usuário são registradas em um histórico de transações. Além disso, esse histórico é registrado em todos os computadores de usuários daquela Blockchain. Para uma ação futura ser validada, todas as ações do histórico daquele usuário devem estar iguais em mais de 51% dos computadores conectados naquela Blockchain.
Na prática, para um bloco ser adicionado à corrente, é necessário ser feito o cálculo de uma chave única do bloco, que será apontada pelo bloco posterior como o elo que une os blocos da corrente. Esse cálculo é chamado de c, uma atividade que exige um grande esforço computacional.
Se um usuário mal-intencionado desejasse alterar o conteúdo de um dos blocos, seria necessário recalcular, além da chave do bloco alterado, a chave de todos os blocos anteriores. Caso a rede tenha muitos computadores conectados, se torna muito improvável que um usuário possua o poder de processamento para fazer os cálculos e obter o consenso dos outros usuários.
Por que o Blockchain é tão seguro?
Uma característica muito importante da Blockchain é a sua segurança. Sua principal vantagem é o improvável, ou até impossível, hackeio de uma Blockchain. Isso porque essa tecnologia é descentralizada, como explicamos acima, ou seja, os dados não estão armazenados em um só local, mas em todas as máquinas que queiram participar do sistema como mineradores de dados.
Tanto para uma informação ser validada quanto hackeada, ela precisa estar igual em mais de 51% dos computadores que estão minerando aquele dado. Ou seja, se pensarmos no caso da moeda Bitcoin, centenas de milhares de computadores precisariam ser hackeados, ao mesmo tempo, para uma alteração ser feita em todos os computadores conectados e aceita como algo verdadeiro.
Por outro lado, vamos imaginar que uma pequena empresa resolva desenvolver um Blockchain com informações da própria empresa, mas os dados estão sendo minerados em apenas três computadores. Nesse caso, para a pessoa poder hackear mais de 51% das máquinas, ela só precisaria hackear duas ao mesmo tempo. Difícil, mas não impossível.
O que já foi noticiado sobre ataques hackers, especialmente sobre corretoras de criptomoedas, são pessoas que conseguem descriptografar códigos e senhas utilizadas como login de uma pessoa para um determinado Blockchain e acabam roubando o que a pessoa tem. Seria como se o seu cartão fosse clonado e uma pessoa entrasse na sua conta do banco e transferisse todo o seu dinheiro para ela. Ela hackeou as suas informações, mas não o sistema do banco.
Público e privado
Além dessas características, há dois sistemas de Blockchain: o público e o privado. Vamos explicar ambos adiante:
Público
Na Blockchain pública, a rede é aberta ao público, ou seja, qualquer computador pode fazer parte da rede. Um exemplo é a Bitcoin, qualquer pessoa que tenha interesse pode fazer parte desta rede, seja ela como negociador de Bitcoins ou como minerador.
Privado
Por outro lado, a Blockchain privada é controlada por uma entidade e somente usuários dentro desta rede podem manipular a mesma. Um exemplo de uso desse sistema é o de controle de processos de uma indústria.
Aplicações
A Blockchain possui muitas aplicações, embora a mais famosa seja o Bitcoin. Mas, atualmente, ela já é usada em muitos setores:
Imóveis
Na compra de imóveis há muitos documentos e burocracias que fazem parte do processo, certo? Escritura, CPF, dívidas e vários outros são necessários para análise e depois assinatura do contrato. Agora, imagine todos os documentos registrados em uma Blockchain pública. Todos os documentos estariam no mesmo local e já validados por mais de 51% dos computadores, com a mínima chance de falsificações. Rápido, prático, seguro e econômico.
Indústria
Um exemplo de uso de Blockchain na indústria seria o registro de cada etapa pela qual o produto passou, desde a sua matéria prima até a loja em que foi vendido. Esse histórico já vem sendo aplicado em alguns alimentos e na indústria de vestuário, mas ainda sem a segurança do Blockchain.
Governo
Aqui são muitas possibilidades, mas vamos falar sobre uma bastante conhecida: o Imposto de Renda. Todo ano, temos que reservar um período para declarar bens, renda e despesas, e muitas vezes ocorremos em erros.
Para evitar isso, a tecnologia Blockchain poderia ser utilizada no processo, diminuindo a ação do cidadão ou até retirando por completo a existência do Imposto de Renda, já que todas as ações feitas por um cidadão estarão registradas na Blockchain. Isso evitaria sonegações e reduziria o nosso tempo e esforço para declarar tudo ao governo.
O potencial do Blockchain
A tecnologia Blockchain pode ser utilizada em muitas áreas de negócio. Ela foi construída para que, mesmo com a confidencialidade dos pares envolvidos, exista a transparência do histórico. As pessoas e instituições que estariam na Blockchain não precisam confiar no outro par da ação, mas sim no sistema desenvolvido.
Assim, sua transparência e segurança são dois pontos principais que fazem com que muitas empresas já estejam investindo, junto ao Venturus, na sua própria Blockchain, seja ela para transações financeiras, de documentos, produtos ou até de informações pessoais.
Fale com nossos especialistas e entenda se a tecnologia Blockchain pode auxiliar seu negócio.