A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a população mundial atingirá, em 2050, 9,7 bilhões de pessoas. Assim, a agricultura tem o desafio de alimentar esse número crescente sem agredir ainda mais o meio ambiente.
O agronegócio brasileiro tem ajudado muito nessa árdua tarefa de alimentar este enorme número de pessoas, mas, por outro lado, também duplicou a emissão de gases do efeito estufa nos últimos 50 anos. Por isso, é inegável que precisamos encontrar formas mais sustentáveis de produção agropecuária.
Um dos fatores que podem auxiliar, e muito, na melhora da sustentabilidade do agronegócio brasileiro é o uso das tecnologias de transformação digital no campo. Existem várias que estão sendo implementadas e que permitem melhorar, analisar e atuar nos vários aspectos ambientais da produção agrícola.
Listamos abaixo algumas das tecnologias em uso e que, de alguma forma, buscam a utilização melhor dos recursos e que fazem parte da transformação digital do agro.
IoT e os sensores
A Internet das Coisas (ou IoT, Internet of Things) — uma das tecnologias que conecta os mais diversos itens à internet para estabelecer comunicação não só entre eles, mas com usuários —, juntamente com os seus sensores, é um dos principais focos da transformação digital na agricultura. Entretanto, mais do que simplesmente conectar o campo, essa tecnologia demonstra grande potencial para melhorar a sustentabilidade das culturas agrícolas.
Com a Internet da Coisas, é possível, por exemplo, monitorar os níveis de umidade do solo e acionar meios de irrigação automaticamente, mas apenas quando a cultura plantada realmente tem necessidade de irrigação. Ao mesmo tempo, ao iniciar a irrigação, ela fornece apenas a quantidade necessária de água para o desenvolvimento das plantas.
Em termos de sustentabilidade, esse tipo de aplicação de IoT permite utilizar apenas os níveis de água necessários para o bom desenvolvimento das culturas, evitando o desperdício.
A IoT pode ser utilizada em vários outros cenários, a fim de melhorar sustentabilidade da produção. Em um galinheiro, por exemplo, é possível detectar a falta de água ou alimento e, assim, acionar sistemas que liberem mais ração e/ou água. Sensores que monitoram as condições dos animais em uma pastagem, por sua vez, podem alertar sobre problemas de saúde ou nutrição de animais.
IoT também pode ser aplicada à detecção de condições adversas no campo, emitindo alertas quando há detecção de fogo ou nível de umidade do ar excessivamente baixa (que permite maiores condições a incêndios). Outros tipos de soluções utilizam IoT na detecção de pragas na lavoura, com a programação para que a pulverização de produtos defensivos só seja efetuada após um certo nível de infestação à cultura ser detectado.
Agricultura de Precisão
O conceito de agricultura de precisão é a utilização de tecnologia que considere a percepção das diferenças do ambiente e propicie otimização no uso de insumos (fertilizantes, agroquímicos, água, energia e sementes), gerando ganhos na produtividade e qualidade da produção e buscando equilíbrio ambiental.
Entre exemplos da agricultura de precisão, temos máquinas que conseguem executar a correta aplicação de fertilizantes ou defensivos e que são capazes de se adaptar às diferentes condições do ambiente.
Outro exemplo de agricultura de precisão são máquinas capazes de detectar a presença de plantas daninhas durante a aplicação e apenas pulverizem o produto químico quando algum sensor acoplado à máquina detecta a presença das plantas daninhas. Com esse tipo de equipamento, é possível evitar que o produto seja aplicado em locais no campo em que não existam as plantas invasoras e manter a saúde da cultura.
Ou seja, a agricultura de precisão tem um importante papel na melhoria da sustentabilidade do agronegócio, ao permitir evitar a aplicação desregulada de produtos sobre a plantação. O uso descontrolado acabar por fazer com que o produto vá para os rios ou para o lençol freático e, com isso, causar impactos ecológicos que poderiam ser evitados, ou pelo menos atenuados.
Data Analytics
Data Analytics é o processo de analisar informações (dados) com um propósito específico — isto é, pesquisar e responder perguntas com base em dados e com uma metodologia clara.
No agro, Data Analytics é uma técnica para analisar dados extraídos do campo, procurando detectar correlações e tendências. Com isso, é possível predizer e tentar entender o comportamento de suas variáveis.
Como exemplo, podemos ter um Data Analytics dos dados do solo de uma cultura e entender o impacto das diferentes ações no solo, como umidade, nível de nutrientes, material orgânico. A partir daí, é possível realizar tarefas que agridam e interfiram na dinâmica da terra minimamente.
Dessa forma, Data Analytics é uma importante ferramenta de auxílio na manutenção das boas práticas ambientais, baseando-se em informações do campo e predizendo quais os manejos corretos e mais adequados para cada situação.
Mercado de Carbono
Um dos vilões que provocam as mudanças climáticas é o gás carbônico presente na atmosfera. As emissões de gases poluentes provocam o efeito estufa e aceleram o processo de aquecimento global. Enquanto máquinas e carros emitem gás carbônico, plantas trabalham no caminho inverso, capturando o carbono durante fotossíntese e lançando oxigênio na atmosfera.
Os mercados de carbonos são iniciativas de comercialização de créditos de redução de emissão dos gases de efeito estufa. Cada crédito corresponde a uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida ou que foi absorvida por um sumidouro (algo que consuma o carbono).
Um mercado de carbono no agronegócio premiaria as ações de produtores mais sustentáveis, enquanto outros produtores, que utilizem práticas como queimadas ou desmatamento levariam punições.
Dessa forma, a tecnologia seria um dos parâmetros tanto para a criação deste mercado como nas técnicas para verificação de que as ações sustentáveis estejam de fato ocorrendo. Diferentes tecnologias, através de sensores ou mapeamento da atividade do campo, podem auxiliar também nesse cálculo da quantidade de carbono que deixou de ser emitida em cada atividade.
Blockchain
A tecnologia do Blockchain funciona como um livro de razão, no qual todas as informações e transações podem ser registradas com bastante segurança e cujos registros não podem ser modificados. Dessa forma, no agronegócio, ela pode ser utilizada para rastrear a origem e todas as etapas da produção de uma cultura, além de todo o caminho percorrido até chegarem ao consumidor final.
Ou seja, a utilização do Blockchain, por si só, traz grandes benefícios em termos de rastreabilidade e informações confiáveis a respeito de todo o processo de produção. Isso seria excelente para os consumidores a terem acesso a todo o histórico do produto.
Embora o Blockchain não afete a produção diretamente, em termos de sustentabilidade, as informações obtidas permitem que os consumidores finais possam tomar decisões de compra considerando qual o impacto ambiental causado pelo produto.
O agro fica mais forte com a sustentabilidade
O agronegócio continua forte em sua missão de abastecer o mundo com produtos agrícolas em grande quantidade e qualidade. Entretanto, é cada vez mais importante que a produção agrícola seja feita acompanhada da sustentabilidade do meio ambiente.
As tecnologias digitais estão sendo introduzidas no cenário agrícola, dada à constante evolução da capacidade de processamento das máquinas e, também, pelas novas alternativas de conectividade que gradualmente vão chegando ao campo.
O Venturus continua acompanhando e trabalhando junto às inovações no campo e acredita que o desenvolvimento agrícola precisa ser acompanhado de novas tecnologias. Converse com nossos especialistas para saber como transformar o seu negócio.